29 de nov. de 2007

Uma última palavrinha

O preconceito lingüístico é uma conseqüência dos preconceitos sociais, ele tem origem no processo de normatização da língua feita pelas classes mais privilegiadas a fim de estabelecer ainda mais o seu status de privilegiados.

Essa imposição de uma língua uniforme, tentando transformar o Brasil em um país monolingüe, não levou em conta nenhum fator regional ou/e a diversidade da língua. Um equívoco quando sabemos que na verdade todas as variantes são corretas, que todos sabem gramática e que há regularidades no que se convencionou chamar de “erro” gramatical.

Assim, a língua culta é imposta e o preconceito cria uma vantagem competitiva para aqueles que dominam a língua, que obviamente estão nas classes mais altas. Esta vantagem dentro de uma sociedade cada vez mais competitiva acentua a tão presente desigualdade de classes.

Os que não se adaptam a essa arbitrária imposição lingüística acabam marginalizados na sociedade, pois, por exemplo, são restringidos do acesso a documentos vitais ao cidadão, como a constituição e os contratos. Esses cidadãos, que não dominam a variedade padrão, estão sendo privados de seus direitos.

Há também uma crença geral de que o domínio da gramática normativa garante leitores e escritores mais críticos e ativos. Essa crença é aumentada, tanto na escola como nos meios de comunicação. Não é preciso muita investigação científica para desvincular o domínio da técnica gramatical da leitura crítica.

Assim, a alternativa para aqueles contrários ao preconceito lingüístico é tentar de todas as formas lutar contra ele com o objetivo de flexibilizar mais a língua oficial, diminuindo a vantagem na sociedade de quem domina uma língua mais “culta”. Não tentar impor uma falsa verdade e considerar todas as diversidades da língua da mesma forma.

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