17 de dez. de 2007

Mais...

Há mais material a ser publicado. Por questões técnicas* ainda não foi possível publicá-los, mas tão logo vençamos essa barreira, estaremos disponibilizando todo o material produzido. Fique alerta, e não deixe de visitar o Gafes? em busca de novidades lingüísticas.

* Há dois excelentes trabalhos produzidos em áudio, mas por incrível que possa parecer, atualmente na internet é mais fácil publicar vídeo do que áudio. Pessoalmente tenho preferência por publicar o material inalterado, mas se for necessário (e com a s respectivas autorizações dos autores), é possível gerar um vídeo, mesmo que com imagem estática, com o objetivo de viabilizar a publicização dos trabalhos.

Preconceito lingüístico

Preconceito lingüístico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O preconceito lingüístico é uma forma de preconceito a determinadas variedades lingüísticas. Para a lingüística, os chamados erros gramaticais não existem nas línguas naturais, salvo por patologias de ordem cognitiva. Ainda segundo esses lingüistas, a noção de correto imposta pelo ensino tradicional da gramática normativa origina um preconceito contra as variedades não-padrão.

Índice

Origens

O sociólogo Nildo Viana foi quem primeiro apresentou uma visão marxista deste fenômeno, relacionando-o com a educação escolar e a dominação de classe, bem como questionando pesquisadores deste tema. Para Viana, a linguagem é um fenômeno social e está ligada ao processo de dominação, tal como o sistema escolar, que é a fonte da "dominação lingüística". A ligação indissolúvel entre linguagem, escrita e educação com os processos de dominação, segundo o autor, é a fonte do preconceito lingüístico, pois a língua escrita veiculada pela escola se torna a língua padrão e esta se torna norma geral que todos devem seguir, mas o seu modelo se encontra entre os setores privilegiados e dominantes da sociedade. Assim, ele conclui que a escola é a base do preconceito lingüístico, e este reproduz as desigualdades sociais.

Na Inglaterra, por sua vez, a lingüista Deborah Cameron, autora do livro Verbal Hygiene, inicia sua obra citando uma manchete um jornal dominical, que diz numa tradução livre "Tradições Inglesas do Passado estão sob ameça". A reportagem não remete a nenhum grande costume inglês, mas sim a cidadãos ingleses comumente chamados de "anoraks", que saem às ruas para panfletar que a língua inglesa está sendo descaracterizada, arruinada pela mídia em geral. Como isso se torna relevante para um livro chamado “Higiene Verbal”?

O que ficaria claro, a partir desse ponto, é que existe um número significativo de pessoas que se importam sobre questões lingüísticas; essas pessoas não apenas falam seu próprio idioma, mas sao apaixonadas por ele. A autora se propõe então a ouvir o que essas pessoas têm a dizer, e compreender o porquê delas agirem de tal modo.

A autora comenta uma situação na qual ela estava com um grupo dessas pessoas presentes no Conway Hall (um centro de estudos culturais, independente) e, quando ela disse que era uma lingüista, todos ficaram animados, e disseram: “Wow, como os lingüistas combatem esses abusos da linguagem?” A autora, meio sem jeito, acabou evitando a discussão. Ela acredita que eles não entenderiam que a lingüística é uma ciência descritiva, e nao prescritiva, alem de acreditar que essa seria uma resposta um tanto rude. Em 5 de Julho de 1993, num programa de rádio da BBC, Michael Dummet, um professor emérito de lógica, apontava para o trágico estado da língua inglesa e apontava como culpadas desse fato as idéias ridículas dos lingüistas. Lingüistas, diz ele, proclamam que a Língua não importa, e pode ser usada e abusada à vontade.

Entre outros casos considerados "trágico-cômicos" pela Lingüística, a autora cita um memorandum do jornal The Times, onde o editor diz para os jornalistas que nao usem a palavra "consensus", pois era uma palavra horrível/odiosa. Por fim, a autora reitera sua proposta de tentar compreender (compreender nao significa concordar, ela deixa isso claro) o posicionamento assumido por essas pessoas frente a questões lingüísticas.

Nos Estados Unidos da América, apesar da não existência de uma academia reguladora dos assuntos da linguagem, não faltam pessoas que tomam pra si essa função, sendo elas conhecidas como "language mavens". Essas pessoas chegam até mesmo a constituir grupos de defesa de um chamado "inglês real", verdadeiro, ou numa posição mais globalista como acontece no caso do Esperanto. Elas mandam cartas para jornais dizendo/apontando para um "declínio do bom inglês". Seus alvos vão alem dos jornais, chegando a atacar anunciantes de panfletos, banners etc.

Críticas

Os críticos da tese do preconceito lingüístico argumentam que a tese em si, se levada a cabo, resultaria no descrédito das normas gramaticais, que por sua vez levaria à dificuldade na comunicação entre pessoas no futuro.

Referências

  • BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
  • CAMERON, Deborah. Verbal Hygiene, Londres e Nova Iorque: Routledge, 1995.
  • POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 1997.
  • VIANA, Nildo. Educação, Linguagem e Preconceito Lingüístico. Plurais. vol. 01, n. 01. Jul./Dez. 2004.

Ligações externas

Favoráveis à tese

Contrários à tese

16 de dez. de 2007

As Meninas SuperCorretinhas

Mais uma superprodução lingüística da FABICO, para a mesma disciplina. Acompanhe:

É WESLEY!!!

Ainda sob a mesma ótica do preconceito lingüístico, a produção seguinte aborda o tema de uma forma inusitada, tanto na forma como no conteúdo. Ainda que de forma superficial, essa fotoaudionovela trata do preconceito lingüístico inverso, ou seja, um falante do português metropolitano é transferido para uma cidade do interior, e sofre preconceito por falar diferente da "caipirada". Acompanhe os desdobramentos de mais uma produção cultural fabicana.

Tropa de Lingüística

Aproveitando o grande sucesso do filme "Tropa de Elite" nos cinemas (e no "comércio informal" de mídia), um grupo de alunos da disciplina de Lingüística e Comunicação da FABICO/UFRGS abordou, com propriedade e de maneira criativa, o tema do preconceito lingüístico, em uma adaptação livre de uma cena daquela produção. Confira:

Preconceito Lingüístico: Você sabe o que é?

Você sabe o que é preconceito lingüístico? Acompanhe esse vídeo produzido pelos alunos do curso de Comunicação Social da FABICO/UFRGS para a disciplina de Lingüística e Comunicação, e perceba um pouco do que isso representa.

29 de nov. de 2007

Uma última palavrinha

O preconceito lingüístico é uma conseqüência dos preconceitos sociais, ele tem origem no processo de normatização da língua feita pelas classes mais privilegiadas a fim de estabelecer ainda mais o seu status de privilegiados.

Essa imposição de uma língua uniforme, tentando transformar o Brasil em um país monolingüe, não levou em conta nenhum fator regional ou/e a diversidade da língua. Um equívoco quando sabemos que na verdade todas as variantes são corretas, que todos sabem gramática e que há regularidades no que se convencionou chamar de “erro” gramatical.

Assim, a língua culta é imposta e o preconceito cria uma vantagem competitiva para aqueles que dominam a língua, que obviamente estão nas classes mais altas. Esta vantagem dentro de uma sociedade cada vez mais competitiva acentua a tão presente desigualdade de classes.

Os que não se adaptam a essa arbitrária imposição lingüística acabam marginalizados na sociedade, pois, por exemplo, são restringidos do acesso a documentos vitais ao cidadão, como a constituição e os contratos. Esses cidadãos, que não dominam a variedade padrão, estão sendo privados de seus direitos.

Há também uma crença geral de que o domínio da gramática normativa garante leitores e escritores mais críticos e ativos. Essa crença é aumentada, tanto na escola como nos meios de comunicação. Não é preciso muita investigação científica para desvincular o domínio da técnica gramatical da leitura crítica.

Assim, a alternativa para aqueles contrários ao preconceito lingüístico é tentar de todas as formas lutar contra ele com o objetivo de flexibilizar mais a língua oficial, diminuindo a vantagem na sociedade de quem domina uma língua mais “culta”. Não tentar impor uma falsa verdade e considerar todas as diversidades da língua da mesma forma.

A Mídia e a Difusão do Preconceito

A cada dia que passa, nos encontramos na situação de testemunhas do preconceito lingüístico. Isso, claro, se não somos nós mesmos alvos desse preconceito ou até mesmo responsáveis por ele. Mas não há novidade nisso. O preconceito lingüístico é um problema da sociedade, enraizado no sistema de educação atual e na formação de nossos professores, isto já nos é sabido. Mas será que é só isso?

Esse trabalho para a cadeira de lingüística possibilitou uma reflexão mais aprofundada a respeito do Preconceito Lingüístico. Infelizmente foi muito fácil acharmos exemplos para postarmos no blog. Isso mostra como a idéia de que existe uma língua única e correta está enraizada em nossa sociedade. Podemos ver também que a mídia não ajuda. Pode-se ligar a televisão a qualquer hora do dia, e teremos um sem número de exemplos de estigmas sociais difundidos pelos programas, novelas e filmes exibidos naquele momento. Esse meio que poderia ser tão importante para amenizar o problema, acaba por reafirmar que existem "pessoas ignorantes" que "falam errado". O processo de conscientização sobre o problema que é o preconceito lingüístico é lento, infelizmente. Mas em contraparte, bastam alguns minutos em frente à TV, por exemplo, para que o preconceito atinja centenas de pessoas. A mídia atualmente promove o preconceito, e o faz de forma desenfreada e inconsciente (esperemos). Essa difusão é tão grave quanto o preconceito em si, pois diminui as possibilidades da população adquirir consciência sobre o erro que comete.

Em seu programa de talk-show, Jô Soares, antes de entrevistar seus convidados, faz uma série de comentários e piadas sobre os considerados “erros de português” e ortografia, arrancando risadas do auditório. Em um longa-metragem americano, as personagens não nascidas nos EUA que falam inglês são, por seu sotaque, estigmatizados como não sendo capazes de falar uma língua que não a sua. Em um programa de rádio, o grupo de locutores do Pânico caçoa de ouvintes por possíveis erros do bom português, quando não criticam uns aos outros, tendo mesmo entre eles uma pessoa marcada pela idéia de falta de inteligência, Sabrina Sato.

O Preconceito Social e Lingüístico só pode acabar quando todos percebermos a responsabilidade que temos para com ele. E essa responsabilidade somente chegará às pessoas através dos meios de comunicação, da mídia. É o papel de facilitar mudanças sociais que compõe a idéia da Comunicação Social, é esta a ferramenta. O problema não está no Jô Soares, no diretor de filme americano ou nos garotos do Pânico, e sim na forma como nós vemos uns aos outros e lidamos com as diferenças. Na minha opinião (que talvez expresse a opinião do blog) são os profissionais da educação e da comunicação de hoje que poderão colaborar para com o fim do preconceito amanhã.

Taí, gostei.



O mito de que existe apenas uma língua no Brasil é uma dais principais bases do preconceito lingüístico.

No Brasil, além das línguas indígenas, que em alguns casos podem possuir, até mesmo um só falante, há, também, as diversas variações que ocorrem de região para região. E é impossível delimitar onde se fala um português “melhor” e onde se fala um português “pior” nesse país com tantas diversidades.

Segundo Marcos Bagno, autor do livro “Preconceito Lingüístico” , não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente "melhor", "mais pura", "mais bonita", "mais correta" que outra. Toda variedade lingüística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, a ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar às novas necessidades.

E é exatamente assim que acontece: cada comunidade tem a linguagem que se adapta a ela. Prova disso é que, muitas palavras são criadas em determinadas regiões que em outros lugares, dentro do próprio país, não fazem o menor sentido. Ou palavras já existentes, mas com significados diferentes do original atribuídos a ela, que podem variar de óbvias a ininteligíveis de uma região para a outra.

Essa propaganda da Intelig, mostra claramente como cada comunidade tem suas peculiaridades na fala, e como essas características já são atribuídas até à forma física de seus falantes. O nordestino falando o “tão nosso” gauchês (olha eu criando palavras e expressões!) pode soar mais estranho, para alguns, do que um brasileiro qualquer falando, realmente, outro idioma.

A verdade é que todos esses sotaques e jeitos diferentes de se falar o português é que enriquecem nossa cultura e nossa diversidade, de que deveríamos todos nos orgulhar, e não reprimir!

A idéia principal da propaganda é muito interessante, também, já que sugere que a comunicação excessiva entre pessoas de diferentes localidades poderia fazê-las adquirir tanto sotaque que começariam a falar como se fizessem, realmente, parte de outra comunidade. É legal se pensar nisso, como uma das maiores razões para o preconceito lingüístico deixar de existir: aumentar a diversidade e romper as barreiras das diferenças sociais e raciais.

28 de nov. de 2007

As escorregada


Ao ver alguma figura importante falando na TV como, por exemplo, o presidente Lula, esperamos que ele fale o português mais correto possível, o que chamamos de norma culta, afinal ele está representando o país e não pode passar (ou nos deixar passar) vergonha.

Nesse vídeo do www.youtube.com, Lula é estigmatizado por todos por não falar o plural da forma correta (entre outros “erros”), e as pessoas se deliciam ao ver uma personalidade importante cometendo erros tidos como absurdos. Lula sofre preconceitos de todos os tipos, desde o social, pois vem de uma classe social baixa, até o preconceito lingüístico, que advém do próprio preconceito social.

O que muitas pessoas não sabem é que o português falado é diferente do português escrito.

Quando corrigimos alguém que fala “os livro tão caro”, ao invés de “os livros estão caros”, estamos, em primeiro lugar, nos baseando somente no que diz a gramática. Gramática que serve apenas para nos auxiliar na escrita do português, e não na fala dele! E em segundo lugar, estamos sendo hipócritas, pois por mais que a gente pense que fale “os livros estão caros”, estamos enganados; faça o teste, preste atenção na maneira como você fala e verá o que acontece realmente. Há essa supressão porque a língua não sente a necessidade de marcar o plural em todos os elementos da frase. A presença do “s” no artigo é suficiente para marcar o plural, não causando nenhuma confusão: todos sabem que quando alguém diz “os livro tão caro”, quer dizer que mais de um livro está caro.

No inglês, por exemplo, para indicar o plural, basta que uma palavra esteja marcada, como na frase: The books are expensive (os livros estão caros), em que somente “book” está sinalizando que a frase está no plural. Há essa diferença por convenção. Foi convencionado que na Língua Portuguesa (escrita) é preciso ser feita a marcação de plural em todas as palavras da frase, enquanto que, na Língua Inglesa, foi convencionado o contrário. Não querendo dizer, entretanto, que tenhamos que falar da mesma maneira, já que na fala não sentimos a mesma necessidade que na escrita.

Portanto, não existe o “falar corretamente”. Todos que falam português, falam da maneira certa, pois se não fosse assim, as pessoas não se entenderiam entre elas, o que não acontece. Por mais que a pessoa diga “os livro tão caro” ou “pobrema” ela vai ser entendida pelos outros, com os quais está se comunicando, sem nenhum tipo de confusão ou estranhamento.

Quem fala errado é burro?

Sob a ótica do preconceito linguístico, qualquer manifestação linguística que escape do triângulo escola-gramática-dicionário é considerada "errada", e não é raro a gente ouvir que "isso não é português".

Um exemplo, na visão preconceituosa da língua, é a transformação de "L" em "R" nos encontros consonantais como em Creusa, chicrete, praca e pranta onde a pessoa que assim fala é extremamente estigmatizada, sendo considerada, às vezes, como "atrasada mental".

Estudando cientificamente a questão, é fácil descobrir que não estamos diante de um traço de "atraso mental" dos falantes "ignorantes", mas simplesmente diante de um fenômeno fonético que contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão.

Observem o quadro:

Português Padrão

Etimologia

Origem

Branco

Blank

Germânico

Escravo

Sclavo

Latim

Praga

Plaga

Latim

Prata

Plata

Provençal


Como podemos notar, todas as palavras do português-padrão listadas acima tinham, na sua origem, um "L" bem nítido que se transformou em "R". E agora? Se acreditássemos que as pessoas que dizem Creusa, chicrete e pranta têm algum "defeito" ou "atraso mental", seríamos forçados a admitir que toda a população da província romana da Lusitânia também tinha esse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando. E que Luiz de Camões também sofria desse mesmo mal, já que ele escreveu ingrês, pubricar, frauta, frecha, na sua obra que é considerada até hoje o maior monumento literário do português clássico: Os Lusíadas.

Este fenômeno que participou, inclusive, da formação da língua portuguesa padrão, chama-se rotacismo, e ele continua vivo e atuante no português não-padrão, porque essa variante deixa que as tendências normais e inerentes à língua se manifestem livremente.

Burrice, isso sim, é julgar sem ter conhecimento prévio, sem base cientifica, sem argumentos plausíveis. Falar "errado" não é sinal de burrice, como muitos acreditam, aliás, o que é falar errado? Falar diferente não pode ser considerado errado. É aí que está o preconceito.

26 de nov. de 2007

Preconceito lingüístico

Preconceito línguistico: O preconceito lingüístico é uma forma de preconceito a determinadas variedades lingüísticas. Para a lingüística, os chamados erros gramaticais não existem nas línguas naturais, salvo porpatologias de ordem cognitiva. Ainda segundo esses lingüistas, a noção de correto imposta pelo ensino tradicional da gramática normativa originam um preconceito contra as variedades não-padrão.

Fonte: Wikipédia

É dificil para muitas pessoas (como foi para nós), logo de primeira, assimilar ou compreender o que exatamente é o preconceito linguistico. Por isso achamos mais fácil usarmos de situações presentes no nosso cotidiano, que muitas vezes se tornam preconceituosas, talvez, não por maldade humana, mas por falta de conhecimento sobre esse assunto.

Falando de uma situação rotineira e que com certeza é do conhecimento de muitos de voçês que estão lendo, e já rendeu algumas gargalhadas, resolvemos trazer ao nosso blog, a “Sônia”: – quem não se lembra do famoso vídeo do youtube, “Fala Sônia”? De uma senhora, com ar humilde, com certeza de uma classe social baixa, falando em um video: -“ WWW.YOUTUBE.COM”, uma tarefa muito fácil não? Para nós, estudados, que frequentamos bons colégios (ou não tão bons, mas frequentamos), que tivemos aulas de inglês, que temos acesso a filmes, literatura, enfim, um pouco da cultura de lingua inglesa, pra nós sim é fácil pedir que alguém nos peça para dizer a simples frase, www.youtube.com. Mas e para a Sônia: será que ela teve acesso a toda essa “informação linguistica” que nós tivemos? Será que a Sônia frequentou algum colégio? Não sabemos, e nem nos preocupamos em saber. Já que o video estava ali, para ser visto, o nosso papel era apenas rir da situação.

Não podemos chamar de errada a maneira com ela falou aquelas palavras, simplesmente porque não fazem parte do seu universo, ela não precisa saber falar youtube,porque até então, não era algo comum no seu cotidiano. E nós que somos os “estudados” deveriamos compreender que não é de bom tom rirmos dessas situações alheias. Tudo bem, foi ali no computador, não tinha como ela saber quem estava rindo dela, mas e quando estiver alguém falando dessa maneira do teu lado?

Respeitar a variedade lingüística de uma pessoa é respeitar a integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano digno de todo respeito”

Como já foi dito, a língua falada adquire ínumeras modificações com o passar do tempo, como forma de adaptação do próprio ser humano, para ser mais fácil se expressar e mais fácil ser compreendido pelos outros.

“Toda língua muda e varia. O que hoje é visto como certo já foi erro no passado. O que hoje é visto como erro pode vir a ser perfeitamente aceito como certo no futuro da língua.”

A Sônia hoje é até convidada para participar em programas televisivos, ficou famosa e talvez esteja fazendo dinheiro em cima de seus “erros”. Será que isso não é uma forma de aumentar esse preconceito? Será que a Sônia riu dela própria quando se viu no youtube? Achou engraçado ter sido exposta e ridicularizada mundialmente? Bom, provavelmente ela não tinha e não tem noção disso, e agora, como é mais conveniente o melhor é deixar que riam de sua figura. Fala Sônia, fala....

19 de nov. de 2007

Muito Prazer!

Esse blog nasceu, como trabalho final da cadeira de Lingüística e Comunicação do 1º semestre do Curso de Comunicação Social da UFRGS, com o propósito de alertar sobre as supostas “Gafes” que seguidamente vemos na mídia. Quando alguém fala algo que não esteja de acordo com o tipo de fala que estamos acostumados, seja o presidente ou a diarista que trabalha em nossa casa, julgamos ser um erro, mas, na verdade, mesmo sem saber, estamos cometendo um “Preconceito Lingüístico”.

Como qualquer outro tipo de preconceito, trata-se de um julgamento prévio sem o fundamento teórico necessário sobre algo. São idéias pré-concebidas baseadas no que já é conhecido, no que já estamos acostumados a ouvir.

Isso acontece porque estamos acostumados somente com o estudo da gramática na língua portuguesa e não nos damos conta da variedade que ela adquire quando é falada. Aliás, outra coisa que não somos ensinados, é que a língua falada é sempre diferente da língua escrita, pois ninguém é capaz de falar exatamente como se escreve, por mais culto que seja. O que acontece é uma proximidade maior ou menor da língua padrão, falada, geralmente, pelas pessoas mais cultas.

Por isso, procuraremos, por meio da análise de situações cotidianas, deixar claro o preconceito lingüístico que há na sociedade brasileira, e mostrar que todos estamos sujeitos às supostas “gafes” da língua.